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Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald


Hoje estive representando As Fadas Literárias na cabine de imprensa para a apresentação do filme Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald. Consigo crer que este novo filme será um sucesso e agradará tanto os aficionados pelo Harry Potter quanto os cinéfilos de plantão.

O filme possui um início bastante emocionante e digno de grandes obras cinematográficas de ação, com um magistral uso de efeitos especiais. No decorrer transforma-se em uma envolvente trama de mistério pautada com ação que em nenhum momento é escapista ou unicamente visual, sempre com motivo justificável.

Ainda que seja um filme com um pouco mais de 2 horas de duração, a trama de leve suspense e muito mistério prende o público por todo o decorrer da exibição, o qual não constata a passagem do tempo. Pode-se observar que alguns poucos cortes de cenas foram apressados, mas tais momentos não conseguem retirar a intensidade de uma história que apresenta uma densa camada de mistério.

Em certo momento, a quantidade de personagens e teorias que surgem para o expectador dão a impressão que o filme será encerrado sem esclarecer todos os enigmas propostos, mas pelo contrário, o final é desenvolvido com um ritmo que respeita o público e a obra apresentada até aquele momento. Não há um encerramento atropelado.  

Os efeitos especiais são grandiosos, trazem novos animais fantásticos que se misturam com os personagens humanos em uma sincronia perfeita, tal como a própria criação das cidades de Nova Yorque, Londres e Paris remontam, fielmente, juntamente com o figurino, ao período da segunda metade da década de 20.

O filme é uma continuação de Animais Fantásticos e onde Habitam, mas acredito que seja melhor ter assistido o primeiro, pois ainda que o segundo forneça algumas explicações, o expectador pode ficar perdido em certos fatos e diálogos que remetam ao inicial.

Nesta nova fase, há a apresentação de novos personagens e o retorno de antigos, tal como uma visão mais intimista de alguns dos principais personagens e de algumas famílias tradicionais no mundo bruxo.

Newt Scamander, representado pelo brilhante Eddie Redmayne, é um especialista na fauna bruxa, o qual compreende e respeita as peculiaridades dos animais, tidos por muitos como seres inferiores e, tal como os animais que protege, suas preciosas qualidades também são menosprezadas por muitos dos bruxos.

O autor Eddie Redmayne consegue transmitir a excentricidade tímida do personagem, o qual não é movido por ambições de poder ou status, podendo classificá-lo como um herói clássico.
Observa-se que, ultimamente, muitos dos heróis apresentados são eivados de ambiguidade e contradição, ou são anti-heróis, a personificação da dúvida e da total ausência de certeza quanto ao agir, enquanto que Newt Scamander é o oposto, sabe perfeitamente o caminho a ser trilhado e não concorda em sacrificar os meios para obter um fim, mesmo que o resultado seja louvável. Para ele, se os meios não forem dignos, os fins estarão igualmente corrompidos.

Gellert Grindelwald é a personificação da maldade ocultada por um discurso eloquente e algumas vezes bastante convidativo. Johnny Depp conseguiu criar uma figura visivelmente peculiaridades, mas que ao mesmo tempo é carismático e amedrontador, que logo nos primeiros instantes do filme deixa evidenciado o motivo de ser o bruxo mais temido e perigoso do mundo.

A perversidade do discurso é muito parecido com as falácias Nazistas, que prometeram uma sociedade pacífica e próspera, baseada no trabalho e no amor fraternal, mas que inicialmente omitiram ou amenizaram os meios para alcançar os fins. Diante disso, o alcance das suas ideias são absorvidas tanto por aqueles pré-dispostos à prática de atos nefastos, quanto por aqueles que por sentirem-se excluídos, veem a possibilidade de enquadramento ou aceitação em um grupo social.

Jude Law interpreta um jovem, vibrante e encorajador professor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, o já respeitado Albus Dumbledore, que por motivos pessoais solicita auxílio ao seu antigo aluno Newt Scamander, para ajudá-lo no combate à crescente força de  Grindelwald.

Em verdade, a outrora mencionada homossexualidade de Albus Dumbledore pela autora J. K. Rowling fica mais evidenciada em virtude do contexto e de uma interpretação cheia de charme e dignidade realizada pelo ator Jude Law. Acredito que o personagem não deixará de ser amado e respeitado em virtude da sua opção sexual, na verdade, Albus Dumbledore merece o título de maior bruxo em razão das suas realizações e, principalmente, pela sua capacidade de evocar o melhor em cada um que o cerca.

Os demais personagens são muito bem conduzidos pela primorosa direção, facilitada pelos diálogos naturais e bem escritos do enredo, que possui alguns momentos de descontração que não deixa o filme alcançar a tensão absoluta.

É um filme que cumpre com mais do que o proposto, pois além do simples entretenimento, apresenta um enredo complexo e uma trama com um suspense de qualidade. Ademais, pode ser constatado uma leitura de um período histórico consubstanciado em discursos inflamados e repletos de ódio, e que, até os dias atuais, os britânicos não esqueceram e pelo visto, não pretendem deixar que o mundo deslembre.

Então aconselho que assistam no cinema, com a magia da enorme tela e quem sabe um combo de pipoca com guaraná. Saquem suas varinhas e preparem o coração para esta mais nova aventura.


Comentários

  1. Excelente filme e um presente para os fãs desse vasto universo criado pela genial J.K. Rowling ❤️ Parabéns pela crítica Marcus Antunes, criativa e elegantemente escrita 👏🏻😉

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  2. Boa dica para o feriado! Ansiosa para assistir!

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  3. Mais um capítulo para esse brilhante universo! Boa sugestão para os fãs ou apenas admiradores de uma boa história de aventura :)

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